quinta-feira, 10 de março de 2011

De porta aberta.


E pode trazer a viola, o pandeiro e o sorriso pendurado no rosto. De hoje em diante eu quero essa casa assim, com essas cores brotando pelas paredes e gritando na calada da noite o brilho do riso faceiro que daremos enquanto dormimos.

Despejem esse amor que teima em cantarolar nas noites de frio. Derramem essa alegria que brinca nas maçãs do rosto em cada estrofe desse samba harmonioso. Escorram cada olhar de carinho e contentamento que se pode ter nesses dias de festa.

Enquanto houver um corpo quente me acompanhando, estarei pulsando forte e dizendo o quão gentilmente e feliz estarei por perto, dentro de cada quadro mal pintado, dentro de cada copo de cachaça mal tomado, dentro de cada carne perfurada pela beleza que nos une.

E grito da varanda, pois, o tamanho dessa ligação que não vem de sangue nem pacto. Tenho gente bonita para apresentar. Tenho dengo gostoso para me acarinhar. Tenho o cheiro bom do tão formoso verbo amar. Se com esse enredo todo alguém não quiser entrar, sinto muito, mas minha porta eu não vou fechar.

Quero o doce das rosas, o quente da moça, o forte do rapaz. Nessa briga onde a solidão não reina, estarei lá esperando alguém me acreditar, com um coração transbordando de coragem pra vos assumir em qualquer lugar.

Varri a sujeira de ontem, limpei os discos das Marias, plantei as flores na nossa sacada, desenhei o rosto de cada um nesse refúgio num quadro enorme que vamos pendurar na sala de estar. Tenho tudo perfumado e limpo para quando voltarmos a fugir do mundo e nos encontraremos naquele lugar que deixamos saudade.

Entremos, estejamos abertos para o samba, o amor, o calor dos dias que ainda estão por vir. Nos refugiando da mesmice de cada minuto.