segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sabe o que eu queria agora?

Poder deitar no teu peito e te ouvir. Teu coração e tua voz, mansa de criança carente me falando do teu dia, dos teus medos, das tuas paixões pela vida. Ver essa tua magia de pessoa singular escorrendo por todas as cortinas dessa sala, irradiando tudo, abrindo meus armários e me gritando na alma que quer ser minha flor, meu perfume, minhas canções, até no pra sempre, mesmo sabendo que é muito tempo e que podemos ser engolidos por isso tudo.

Eu queria você nesse instante. Seus membros pra tirar um cochilo após o almoço, dormir abraçado contigo no tapete do meu quarto. Encolhidos, ali, como quem tem medo do mundo e finge pra ele que não o sente. Eu queria você, uma dose de você. Uma apenas não, mas uma, mais duas, três, quatro e quantas for capaz de me dar nessas noites de monotonia.

domingo, 28 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Bruniuhhh!

"Hoje é seu aniversário
Corpo cheio de esperança
Uma eterna criança, meu bem
Hoje é seu aniversário
Te dou só noticia boa
Também daquela pessoa por lá
Hoje escolha passar o dia cantando
De hoje em diante, jure felicidade a você
Na saúde, na saúde, juventude e na velhice
Vá pelos caminhos brandos
A sua proposta é boa, eu sei
De hoje em diante, tudo se descomplicará
Com o nariz de palhaço
Rirá de tudo que te fazia chorar
Cercado de bons amigos, te protegerei
Numa mão bombons e sonhos
Na outra abraços e parabéns"

Feliz Aniversário, Querido!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A flor da perda.

Sempre temos de conviver com a perda. Por mais que não queremos deixar algo sair pela porta, cruzar a esquina e nunca mais voltar, sempre devemos estar preparado para o que vai embora. Sempre acontece. Sempre. Até mesmo com as doces ligações que temos com o nosso passado.

Quando eu arranquei a flor do jardim da escola, aos treze anos, ali a vida dela estava indo embora. Aos poucos, a perda anunciou-se dentro do copo com água e açúcar e com a flor morta. No final de tudo. Sempre vem esse fim. Com ele, veio o meu gesto de carinho pra você e com ele a perda da flor que penas continuou viva no seu baú de lembranças de flertes infantis ou até mesmo nesse livro empoeirado que você me emprestou.

Avistei ele ali, em cima da estante, o livro coberto pela poeira, recheado de páginas com sonhos de um tal escritor que não lembro o nome e a flor juntamente com a perda. Nada existiria mais, a não ser a memória dessas coisas que vão embora e que deixam essas poeiras em cima de tudo. Se é que a memória existiu. Se é que tudo isso de infância existiu. Apagaram-me essa flor do livro. Deve ter acontecido de novo, a perda, porque eu não me recordo de quando você partiu e não teve mais nada de bom pra ler nesses meus versos de criança com memória de amores perdidos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Outubro de Manhãs e Amores.

Penso no que foi transformado nesses últimos dias. Tornei-me um menino que está em busca de um mundo de fantasias sem perder a minha realidade sóbria que está desenhada no fundo de uma garrafa. Nesses botecos, nesses banquinhos, nesses espelhos que refletem uma luz colorida sobre meu rosto, penso nas pernas que não estou querendo mais roçar na barba. Penso nas bundas que não estou precisando apalpar para me sentir desejado e com o poder da posse por aquilo que nem é meu. Penso nos falsos beijos que eu não precisarei dar entre corredores mofados pelos sexos distorcidos de pura falta de amor próprio. Tudo fede, tudo se derrama nas mesas, tudo borra de mancha escura e sem vida minha contemplação por mim mesmo. Até o agora/outubro chegar trazendo essa sensação resgatada que, talvez, eu nunca a sentira antes.

Quando essa lua iluminou minha pele nua misturada com esses lençóis gozados depois de mais uma noite de amor solitário, eu não tinha percebido o quanto eu estava brilhante nesse espetáculo fabuloso que mais parecia ter saído dos livros que eu li quando criança. Tudo delicado dentro dos lençóis úmidos. Minhas coxas quase azuis de tão brancas naquela maciez que camuflava minha indecência pareciam um ninho de amores passados-inacabados tentando achar um espaço naquele show de pernas e lua. Tentei não olhar para aquela cena medíocre de auto compreensão, mas não resisti. Sou muito curioso. Tenho a necessidade de estar sabendo disso daquilo de outro de tudo que me rodeia. Tenho de estar com os ouvidos latejando de enxerimento para ouvir aquilo-que-não-foi-dito-quase-engolido-de-arrependimento. Porque assim eu saberei daquela boca o que se passou em mente em poucos segundos que não escorreram pela saliva a fora. Aquilo que poderia ter me matado ou me encaminhado ao paraíso cheio de flores e bem-me-queres num jardim que eu poderia ter ganhado com as flores/palavras não ditas.

Quero sempre espiar pelo buraco do lençol essa briga de pensamento versus lua iluminando coxas. É algo mais forte que minha própria vontade. Essa vontade-obrigação segue-me entre carros e avenidas vazias de gente interessante. E a dou corda e chave pra ela entrar e dizer tudo que pensa sobre mim, porque assim eu vou estar informado sobre mim mesmo.

Parece, às vezes, que as pessoas/coxas/lençóis/luas sabem mais de mim que eu próprio. Isso é o que me mata, quero saber o que sou dentro desse cenário onde eu deveria ser o protagonista da peça que eu mesmo escrevi. E não sou destaque, nem nunca quis ser, mas o meu canto no palco eu sempre quis ter com uma luz me deixando ser visto por tudo e por todos. Pelo menos essa da lua. E isso não é tentativa de aparecer, é apenas meu desejo de deixar gravada minha participação nesse teatro de vida real muito mal ensaiado tendo em vista sempre esse improviso que faço um malabarismo com quatro mãos e pés e olhos e bocas e línguas e todo o meu resto.

Depois da luz, lua e lençol, não consegui dormir por muito tempo. Na verdade acho que, no mínimo, cochilei o tempo necessário para babar na fronha amassando minha cara. Sei que ainda sonhei com um amor que tava mofando ali na geladeira junto com os morangos de Caio F. Pensei ter visto eles se estourarem dentro da minha cabeça junto com esse amor, se é que eu posso chamar de amor. Mas não vou falar do amor em si, não desse que ponho em dúvida a sua existência. Sonhei, nos minutos apagados com muito mais luz, agora pela manhã. O amor passado de inconstância me visitou e deu-me um beijo no canto da boca. Primeiramente nos cruzamos pelo corredor da minha faculdade e depois ele entrou na minha sala me chamando para conversar e ouvir minha voz e sentir meu perfume cítrico e me fazer gozar com seus olhos escuros e me dizer que estará tudo bem, assim que eu acordasse. E esteve. Eu acordei com ele na cabeça me chamando para dançar numa valsa real onde eu não me importava com seus pés para não pisar ou machucar. Apenas queria dançar livre ou acompanhado porque tinha encontrado outro alguém pra ter as formas do amor, agora, no amor presente. No meu sonho, ele, o amor passado, tinha me dito coisas bonitas que eu queria escutar de um alguém, aquelas que fazem o seu coração bater mais rápido, no pulso das piscadas de olhos do outro amor, fazem sua barriga gelar de tanta emoção, suas mãos suarem e seus olhos se encherem de lágrimas. No entanto, não movi nenhum músculo e nenhuma gota de gélido ou lágrima foi suada na minha barriga ou r. No fundo, eu sei que essas palavras chegaram ao meu ouvido tarde de mais, e quando isso acontece não me importo muito com o ritmo delas e com sua sonoridade calma e sedutora, mas sim no que já foi passado e morto e enterrado e quase esquecido. Sei que na manhã que chegou, eu quis o meu amor presente, e isso foi o que me bastou para me alimentar matinalmente no dia de hoje de lua de lençol de sonho e de amores.

Apenas sei que o amor passado foi se embriagar de vez e terminou esquecendo meu nome numa mesa de bar. E eu aqui, pelado na cama com luz, lua, lençóis e amor presente. De manhã, com muita sede dos meus olhos novos que me fotografam assim, despido, com muita fome da boca que me alimenta de saliva, com muita ânsia do toque do fio de cabelo cheiroso feito de orvalho nessa manhã de amor presente.

Sinto o cheiro do café sendo preparado e isso me abre o apetite. Tenho muita fome, seja lá do que for. Quero comer o pão fresco com manteiga e bolachas doces e café bem forte de açúcar e coxas de sobre-a-mesa e bunda de entrada e amor presente me preparando essa fome matinal que tanto me enche de alegria pra essa rotina monótona que tanto está passando pelos becos e avenidas desse quarto/cama/vida/dia-a-dia, dando lugar ao bloco da auto estima elevada a N, transformando isso tudo em outubro. Será que estou acompanhado nesse mês de café e dança e manhãs e lençóis e luz e lua e amor presente?

Tenho muita fome, e estou lambendo os dedos de doce de café e as migalhas de pão fresco sobre a mesa. Não quero perder um grão se quer deste amor presente que me mata a fome todas as manhãs. Servidos disso tudo? De fato, eu não consigo saciar minha vontade extrema de estar dentro deste presente. Ele foi me dado assim, calmamente, num dia qualquer no mês de outubro entre garrafas de cerveja, cigarros e coxas dançando para lá e para cá. O lugar ideal para tudo acontecer. Sem querer dizer que acredito nessa coisa de lugar ideal. Eu dei uma ajuda ao destino para juntar nós dois, se é que também posso acreditar nele. Quando aceitei o presente passado de outras mãos para o meu colo. E ele quis se alojar por um tempo indeterminado. Eu, agora, cultivo essa raiz no meu ventre, prestes a parir um carinho e um toque na sua testa suada depois de um pesadelo ou trepadas entre cama-mesa-banhos. O deixo ouvir meu suspiro que se entrelaça ao som dos sabiás cantarolando o nosso romance presente amor. Um brinde de café ao outubro, amores passados, amores presentes e essa lua que tanto me visita derretendo meus pensamentos. Eu simplesmente sinto, não penso. E isso tudo me basta.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Vontade.

Uma vontade me grita dentro da boca para eu silenciar num beijo, seco e sem dúvida, todo o desejo de você que sinto agora. Uma vontade queima-me os lábios com esse gelo de ansiedade por um toque seu, um olhar-delicado-mudo-sem-palavras com todo o vocabulário que quero ler e escutar, ou simplesmente a doçura da tua presença andando com os meus chinelos velhos mastigados pelas bocas de quem um dia me cortou o coração.

Quero que saiba, sobre minha vontade, que te espero com essa fotografia empoeirada e minha cortina que cansou de dançar com o vento. Eu te espero. Sentindo ainda este teu perfume barato, mas viciante, que ficou preso nas paredes do meu apartamento. Ouvindo tuas canções repetidamente na vitrola estragada pelas dores de cotovelo. Querendo tua mão segurando a minha nessa valsa que teima em me matar de saudade, aos poucos, sem nenhum dedo teu, sem nenhum cílio, sem nenhuma costela contável nas tuas curvas. Sem teu beijo me enchendo de vida depois desses dias de falta, eu fico apenas assim, na vontade de te ter em meus braços e beijos e peito e olhares e tudo isso que me rodeia.

sábado, 6 de novembro de 2010

A fome e o frio da falta.

Hoje foi dia de frio. Não aquele gélido que comparamos com algo enfermo. Foi um frio bom – convidativo – que me abriu o apetite logo pela manhã. O lençol ainda estava suado e penso que estive com febre na noite passada. Uma poça d’água se formou na fronha – saliva – picolé derretido de baba. Acordei puxado pelo arrepio que me fez enrijecer os mamilos e todo o resto. Saí cambaleando da cama com minhas meias coloridas de desenho animado que de primeira vista faziam-me parecer uma criança estranha no meio dos brinquedos. Esbarrei nos livros que deixei no chão. Espalharam-se idéias. Olhei no banheiro o meu rosto amassado no espelho abafado e meio soado. Li saudade nos olhos que me fitavam. Escovei os dentes com aquela pasta com gosto de chiclete. Sorri, mas não houve felicidade. Apenas o sentir da falta do algo com uma anemia de alegria. Turvamento de lembranças. Comi as torradas que estavam quase esfareladas de ontem. Acompanhei a fumaça do café quente no ar. Doce-meio-forte-demais. Calcei minhas sandálias e cai no mundo.

Houve chuva. Não houve pombos. Não houve insetos coloridos. Nem pessoas na rua. Apenas houve chuva. A dança das árvores com a falta de vento. Trouxe consigo aquilo que foi pairando sobre minha epiderme. Gotas de nuvens dissolvendo o desejo de fome de companhia, a fome de Lispector.

De olhos fechados, na chuva – com fome – permaneci, formei sua imagem ao meu lado. Segurei a sua mão. Vi ainda seu rosto rindo tornando-se parque de diversão para os pingos que caíam. Senti seu calor no frio. Senti até teu cheiro misturado com o da terra molhada. Depois houve apenas o frio. Não aquele gélido ar que comparamos com algo enfermo. Esse eu senti com a roupa molhada grudada no corpo. Mas foi o frio bom – o convidativo – o que me abriu o apetite de presença. Essa, a qual eu não consigo ter numa simples chuva.

Sinto que o amo. O frio. Amo essa sensação de dor misturada com lembrança/projeção para o futuro breve. Amo o que quero gritar para a rua quando sinto arrepiando-me os pêlos. Amo o que me faz querer tua presença na chuva. Amo esse frio que é tão incrível.

No entanto, penso: Devo sair da chuva para não ficar mais doente que estou; Devo esperar você chegar para matar a minha fome. Meu apetite está insaciável e com esta chuva e este frio só o fazem aumentar. Vou para casa, estou decidido. Minhas meias de desenho animado, meus livros espalhando idéias, o chá morno-meio-fraco, o cigarro e o sofá quente, tudo no aconchego me espera. Espero. Mas ainda continuarei com fome.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Banquete de saudade.

Apenas senti sua falta depois do almoço. Comi tudo, como minha mãe havia me ensinado quando criança. Tomei minha xícara de café, meio-morno-meio-doce-demais. O sono pesado que me embalou na cama úmida do meu último pesadelo fez com que eu sentisse seu cheiro de salgado feito por vovó em dia de domingo. Uma mistura agridoce das frutas nas tortas com muito recheio. Apenas foi assim. Invadiu-me o quarto pela janela feito onda desenhada no ar, prestes a me tirar flutuando como acontecia nos desenhos animados. Derreteu-se sobre minhas pálpebras e encharcou minha mente do seu carinho que agora eu não pude ter.

Cheiro viciante que me encheu a boca d’água. Mistura da sua saliva com minha sede dos teus beijos e perfume e voz e braço e coxa e bunda. Tudo num pacote só. Correspondência que eu queria sem devolução na calçada da minha casa. Pelo menos por esta tarde de sono e saudade.

Quero seu cheiro impregnado nas minhas camisetas suadas de tanto amor. Quero seu cheiro nas minhas cuecas depois do sexo. Quero seu cheiro em minhas mãos depois de sentir cada ponto do seu corpo e delinear-te o meu desejo além de saudade e lembrar. Quero tudo isso além desse cheiro que se agarrou nas minhas narinas feitas de sonos solitários depois do almoço.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Entre cama, mesa e banho após amor.

Então você se camufla dentro dessas camisas Polo amassadas e diz que está tudo bem? Finge que tudo não passa de um mal-estar/ciúme-incoerente e fuma um cigarro só pra disfarçar tamanha tensão nos olhos. Baixa a pressão. Tonteira. Quase dorme. Brinca de ser criança carente entre copos de conhaque e pernas entrelaçadas por debaixo da mesa. Não vejo pouca falta de incoerência.

Me pergunta sobre o amor. Eu respiro e digo que é aquilo que sinto quando estou no estado de demência demasiada por alguém, sem odiar a tolice do próprio sentimento, sem querer perceber a dor que sentimos quando não dão a mínima por nós, bobos-de-amar, e mesmo assim queremos esse amar que tanto nos maltrata, porque pra mim é isso, só sinto que estou amando quando me dói o peito por algo que as vezes nem sei explicar ou não quero para não ter a desilusão de acreditar que aquilo vai deixar de ser sentir para ser pensar. Amor só é bom quando me dói.

Você retruca exalando o cheiro das flores que te dei. Retruca chorando o perfume desses anos que estávamos entre fumaça, vinho, cama, mesa e banhos depois das trepadas. O perfume de desejo. Um cheiro bom quando se tem compatibilidade. Cheiro de dependência do meu modo de companhia que juram ser boa e que eu nem acreditava ultrapassar o nível de acompanhamento, apenas.

Respiro. Penso naquilo que me arrancaram há anos no colégio entre livros, cartas de amor e bilhetes anônimos onde eu era o admirador secreto. Penso no que deixaram nos encostamentos nas ruas junto com meu vômito depois das doses de cachaça, nos bancos dessa cidade que fede a intolerância e a falta-do-que-se-amar. Penso e minha cabeça dói. Parece que está ainda inflamada de tanto tentar tirar essa sujeira daqui de dentro. Não gosto dessa bagunça. E ainda sem querer deixo você perceber o meu pensar e às vezes parece estremecer com o meu achar do amor.

Só penso que ainda não seja instantâneo. Não coloquei meu calor com ele no fogo e não o temperei. Pronto. Após três minutos eu posso comer você e o amor. Não penso dessa forma. E seria burrice minha pensar assim. Não os achei na prateleira do mercado e não os procuro nas vitrines de lojas de grife. Apenas vou assim, calado, com poucos sonhos guardados debaixo do sol ardente que não perdoa tentando não olhar para o relógio que sempre quer me avisar a tardia dessa espera ou que é cedo demais para cultivar e adubar com merda o tal do amor.