quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Esquivo.


Não se engane. Não vivo nesta noite em todas as calçadas dessa terra tão gloriosa. Perco muitos carnavais, se você não percebe. Esqueço muitos privilégios em busca desse contentamento que não sei onde foi parar. Maltrato minhas mãos na tentativa de tocar esse instrumento pesado de dor. Reprovo-me nessas matérias devido às notas baixas do meu afeto.

Não sou verdadeiro. Não brilho nesses risos. Não sinto essa bebedeira de amores. Nem muito menos pulo ao som das ladeiras nesta festança sem levar comigo a pele que me molda de alegria.

Torno-me assim. Esquivo.

Não sinta esse meu boêmio inferno jeito de lhe dar com o meu poço vazio. Tenho em mente o quanto me distraio para não lembrar-me das noites/cinzas de estrela. Se me veres assim, com cor, vivo, atraente, não saberás o quanto tento enfiar essa vida dentro dessas garrafas de tonteira. Modelando-a.

Tornando-me assim. Esquivo.

Corto sem perceber este caminho seco de amor que me presenteiam. É de vontade própria querer aproveitar o pouco que me resta. Finjo de felicidade colorindo de confetes móveis de tão vivos essa dor que me alfineta o pescoço. Realço de corado essas minhas maçãs do rosto para que não percebam o escuro das luzes apagadas depois do espetáculo de vida real.

Então não se sinta convidado para essa noite de dança. Beberei, só, dessa água que cai na minha cabeça latejando o amor todo recordado. Enfeitarei, só, essas calçadas com as flores do meu riso escancarado. Farei, só, as composições dos embriagados de dentes amarelados. Porque assim... Não vou me enganar!

Tornar-me-ei, assim. Esquivo.

Júnior

2 comentários: