segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Bilhete de chuva.

Imagine-me debaixo do seu lençol listrado azul cantarolando com os pingos de chuva que ecoam dentro do seu íntimo. Imagine a minha mão que ainda não foi castigada pelo tempo dançando no teu corpo como se fosse vento nesse espetáculo de águas. Imagine o cheiro das paredes mofando aquela velha saudade que nesse frio convidativo desvanece dentro desse quarto decorado com desenhos infantis. Imagine esse nosso cheiro de suor com o vidro abafando nosso mais intenso desejo. Imagine até mesmo o cheiro disso tudo – da música, da dança, do mofo de saudade.

Se sentir vontade desse nosso amor, depois de conseguir sentir o gosto dessas promessas escondidas entre cigarros e copos de uísque, me avise. Estarei na sua porta gritando nessa chuva. Vou entrar de vez, te invadir o corpo e aquilo onde você guarda tudo e todos com o mais forte carinho e te ter nos meus braços como se fosse os últimos segundos antes da sua partida.

Com sua voz, apenas sei que vou provar o cheiro bom e calmo de terra molhada acompanhado. Vou te materializar subindo pelas minhas pernas e acariciando minhas coxas como se fossem as do melhor homem que um dia você tocou os lábios e as costas e as nádegas e o rosto molhado de chuva.

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