segunda-feira, 27 de junho de 2011

Assento Ocupado.

Quis saltar do ônibus e voltar para aquela cidade. Ascender um cigarro e andar sem rumo nas pontes brilhantes com poças d’água no chão. Era inverno. Um começo. Quis gritar ali mesmo que era corrupto, medíocre, de carne e osso. Mas as nucas dos passageiros e a mão que tocava-lhe a perna reprimiam seu desejo. Quis uma bofetada na cara para aprender a viver. Diziam que isso ensinava essa gente. Quis um risco fora da linha, um retrato danificado pelo esquecimento, uma caneca quebrada no chão. Quis provar do incerto, do errado, do maldizer. Quis outras mãos e outras coxas. As enxergava pela janela cheia de gotas, borradas. Estavam bem claras na sua mente. Percebeu o quanto era sujo. O quanto gostava disso. Continuou sua viagem. Faltava-lhe coragem.

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