domingo, 7 de agosto de 2011

Afia-se.


Uma pontada no peito, assim, lenta, devagar, como se ela estivesse gostando de ter na boca as palavras certas para ferir ou apenas gostasse de jogá-las fora, no vento, pela janela, direto nos tímpanos. Ouvia a voz que lhe mexia o estômago, suava-lhe as mãos, corava-lhe o rosto e logo em seguida, quase que automático, cuspia o silêncio que parecia mais descer como um suco de pimenta em dia de mormaço ou a escarrava a voz que fritava juízos e amassava sentimentos e sonhos e corações agora partidos. Era uma maneira de sobreviver. De não ter o que contar. De se privar de dores. Rugir.

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