terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sobre o sono depois do choro.

Apagaram-me na cama. Úmido de sal e água. Puseram-me debaixo da seda e deixaram que eu a molhasse. Não me refugiaram dos quadros do meu quarto. Não me fingiram diante os discos de cantorias de carnavais. Não me seguraram as mãos cheias da fadiga. Nada além de exaustão saindo por meus tímidos e viris olhos. E então me deixaram assim, descobrindo.

O sono é mais doce depois do choro. O olho inchado se molda com os melhores sonhos. As pupilas se desdobram e desenham o conforto das horas apagadas. Os cílios se umedecem para encharcar de calmaria todo o quarto. A bochecha amassa a cara com o pesado corpo do sono. As lágrimas deixam escorrer a leveza do descanso depois do martírio. Tudo se entrelaça e vibra na condição de ser dormido. Puxa a tristeza que se esconde embaixo do lençol. Rasga o desconforto e a sensação de chumbo das costas. Seca a poça d’água que se formou com a janela aberta. Apaga da mente por instantes a realidade que faz relampejar de lágrimas. Faz com que o sono fique mais denso, mais pesado, mais concentrado.

E então, aparece o sentir/estar melhor, durante o sonho bom de anti-choro. Dura o tempo necessário para o acordar com a cara emburrada. Dura o tempo necessário para o mal estar retomar forças. Dura até quando o real vivo na parede depois do sono depois do choro chegar.

Júnior.

2 comentários:

  1. só q me bateu uma vonatde de chorar, e q seria bom ter um sono doce como há tempos. *_*

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  2. A poesia é boa quando é completa. A tua é boa.

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