terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bêbado de tolice.


Penso na tolice da embriaguez. Fiz da última vez para tentar esquecer algo. No entanto, se soubéssemos, antes do primeiro gole desejado, o sabor amargo que as lembranças têm quando tocam nosso paladar, não fazíamos isso.

Um gosto tão estranho que parece amassar-nos contra a parede meio suja já por outros, afim do vomito de ar comprimido nos nossos cérebros há décadas. O lembrar já podre grudado na nossa mente. Sem data de validade. Sem destino. Sem convite para entrar e permanecer para o chá da tarde.

Bebemos para esquecer. Quando assim ocorre. Não esquecemos. Falamos entre corredores bagunçados, banheiros lotados de merda, calçadas corrompidas do lixo, todos os males e infernos que nos reascendem de contradição para o nosso presente já passado sendo planejado para o futuro tão breve que parece mentir e não chegar.

E nada se faz como queremos. Ficamos vulneráveis. Choramos ou não feito crianças mimadas. Somos amados e odiados por todos em volta.

Até que chega a hora do descanso. Depois do gole. Depois do amargo. Depois do choro. Depois do vomito e vergonha sangrada nos ambientes... Aparecem nossas camas.

Aí sim, percebemos com a maldita ressaca o quanto estávamos infames nos olhares dos outros. Aí sim, percebemos a contradição da nossa realidade. Quando mais queríamos esquecer as lembranças que arranhavam nossa cabeça, não conseguimos. Acordamos com elas mais vivas do que antes, exalando o cheiro amargo, azedo do nosso vomito, e ainda temos de pensar na merda da tolice da noite passada. A embriaguês.

Júnior!

2 comentários:

  1. e quando penso em esquecer algo, penso justamente em me embriagar. nunca o fiz. mas acredito q elas devem ficar mais vivas.

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  2. Justamente o que aconteceu comigo... mas, porém, portando, disse o que desejava dizer, sóbrio, mas embebido pela vontade de estar com alguém.

    Adorei esse igualmente ao MUTÁVEL.!

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