terça-feira, 23 de novembro de 2010

A flor da perda.

Sempre temos de conviver com a perda. Por mais que não queremos deixar algo sair pela porta, cruzar a esquina e nunca mais voltar, sempre devemos estar preparado para o que vai embora. Sempre acontece. Sempre. Até mesmo com as doces ligações que temos com o nosso passado.

Quando eu arranquei a flor do jardim da escola, aos treze anos, ali a vida dela estava indo embora. Aos poucos, a perda anunciou-se dentro do copo com água e açúcar e com a flor morta. No final de tudo. Sempre vem esse fim. Com ele, veio o meu gesto de carinho pra você e com ele a perda da flor que penas continuou viva no seu baú de lembranças de flertes infantis ou até mesmo nesse livro empoeirado que você me emprestou.

Avistei ele ali, em cima da estante, o livro coberto pela poeira, recheado de páginas com sonhos de um tal escritor que não lembro o nome e a flor juntamente com a perda. Nada existiria mais, a não ser a memória dessas coisas que vão embora e que deixam essas poeiras em cima de tudo. Se é que a memória existiu. Se é que tudo isso de infância existiu. Apagaram-me essa flor do livro. Deve ter acontecido de novo, a perda, porque eu não me recordo de quando você partiu e não teve mais nada de bom pra ler nesses meus versos de criança com memória de amores perdidos.

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